30 março 2012

Caminhada do CMB (Sábado 31.03.2012)

É já amanhã que se realiza a caminhada do último Sábado de cada mês do CMB. Inicialmente as previsões meteorológicas apontavam para chuviscos no período da tarde de Sábado, no entanto hoje já apontam chuviscos apenas para a tarde de Domingo. As previsões de temperatura rondarão os 11º e os 15º, no entanto existirá alguma brisa. A lista inicial de material a levar para a caminhada fica ao critério de cada um, no entanto convém lembrar que na montanha a meteorologia é imprevisivel e pelo menos um impermeável e um agasalho será conveniente levar. Estamos preparados para mais uma actividade que se avizinha coroada de sucesso como sempre. Até amanhã.

28 março 2012

Ancoragens na neve e no gelo

A neve é um meio sujeito a variações notáveis e a sua solidez é de difícil avaliação. Por esse motivo, as ancoragens e os procedimentos de asseguramento devem ser efectuados meticulosamente com a finalidade de se conseguir as melhores garantias de segurança possíveis. Quando seja necessário abandonar parte do equipamento, para realizar algumas das ancoragens deve-se valorizar o seguinte:

. A segurança, que prima sobre outras considerações.
. A necessidade de empregar, subesequentemente ao dito material.
. A utilização do material imprescindível.



Posto isto passamos a descrever algumas das principais ancoragens possíveis de realizar na neve:

PIOLET VERTICAL

O piolet pode ser utilizado como ancoragem de várias formas, sendo a mais habitual, a denominada “piolet vertical”. Deve-se cravar o piolet o mais fundo possível e a tracção sobre ele será exercida o mais próximo possível da neve, para isso talha-se um socalco na neve, cravando o piolet ligeiramente inclinado para a pendente de forma a aumentar a sua resistência.



A corda ficará por cima da neve evitando o efeito de alavanca.



Esta colocação do piolet utiliza-se em neves com uma certa consistência em toda a sua espessura. Uma variante desta posição consiste em fixar um cordino à cabeça do piolet ajustando-o ao manípulo por intermédio de um nó prusik, colocando o piolet como no caso anterior. Com o cordino corta-se a neve tracionando para baixo de modo que forme um ângulo muito reduzido com a pendente. Desta forma consegue-se maior resistência.





Para se tornar ainda mais seguro, este sistema pode ser efectuado com 2 ou 3 piolets se os tivermos disponíveis.





PIOLET HORIZONTAL

É a ancoragem com piolet mais fiável e também a mais trabalhosa. A sua eficácia é boa, inclusive em neve macia. Escava-se na neve um buraco com forma rectangular de profundidade variável, conforme o estado da mesma. Nesse buraco coloca-se o piolet com o bico voltado para a pendente e perpendicularmente à tracção, de forma que o manípulo seja também perpendicular à direcção de tracção.



Previamente coloca-se uma argola no centro do mesmo com um nó prusik. O extremo desta argola fica na superfície para ser usado. Uma vez enterrado o piolet, a neve é pisada para ficar mais consistente.







Para desenterrar o piolet, normalmente é necessário escavar de novo o buraco. Para um correcto funcionamento deve-se ter uma argola comprida e escavar um canal profundo para a mesma. Usando a técnica descrita na figura a seguir, consegue-se recuperar o piolet em caso de necessidade.



ÂNCORA DE NEVE

É o melhor sistema para segurar sobre neve pouco consistente. A sua eficácia depende da sua correcta utilização no que diz respeito a profundidade e ângulo de trabalho. Sendo assim, a profundidade será maior quanto mais macia seja a neve e o ângulo de trabalho situa-se por volta do 45º relativamente à pendente.





Inicialmente o cabo de aço estende-se perpendicular à placa da âncora e posteriormente corta-se a neve com o mesmo cabo na direcção da tracção, colocando-o paralelo à pendente.



ESTACA DE NEVE

A sua colocação é idêntida ao piolet vertical ou horizontal. Geralmente crava-se com golpes de martelo, ligeiramente inclinada para a pendente. Normalmente escava-se uma pegada com o piolet para introduzir a estaca com maior facilidade. Se o perfil tiver forma de “L”, de forma a que actue correctamente, deverá introduzir-se com o vértice voltado para o vale e a cima do escalador, de forma que a tracção exercida sobre ela, a obrigue a afundar-se mais.



A estaca pode ter vários furos dispostos para passar um cordino ou cinta, de modo que o ponto de tracção fique o mais próximo possível da neve, quando a estaca estiver parcialmente introduzida.



Sempre que seja possível, a estaca deve ser enterrada totalmente, de forma que apenas fique visível o cordino. Ainda assim pode-se reforçar com outra estaca, martelo, etc, enterrado horizontalmente à estaca.



SETA DE NEVE

É a ancoragem natural por excelência. A sua resistência funciona em função directa do seu tamanho e da dureza da neve. Pode ser talhada em neve dura ou em neve fofa previamente prensada. Neste ultimo caso pode ter até 3 metros de largura e 45 cm de profundidade.



Em volta da seta é preferível colocar uma cinta em vez de corda, pois distribui melhor a carga sobre uma superfície maior. Mesmo assim, é conveniente reforçar a neve colocando roupa, luvas, pedras… entre a corda ou cinta e a seta.



É fundamental saber realizar correctamente esta ancoragem, pelo facto de ser rápida de fazer e ser mais sólida do que o que parece.











De seguida passamos a descrever algumas das principais ancoragens possíveis de realizar no gelo:

Da mesma forma que a neve, o gelo possui uma grande variedade de qualidades e consistências. Geralmente proporciona um bom meio de segurança nas ancoragens. Realizar uma ancoragem no gelo, normalmente demora mais tempo e dispende mais energia do que se for realizado em rochas. É preferível , sempre que seja possível, realizar as ancoragens em rochas próximas, ganhando em rapidez e segurança.

PIOLET

O pico do piolet é a ancoragem mais imediata de que dispomos em pendentes de gelo fácil, podendo ser utilizado como segurança de circunstância na progressão.

PITÕES OU PARAFUSOS DE GELO

Cada tipo de pitão tem uma forma diferente de colocação: a rosca, o martelo ou mista. O pitão de gelo tubular com núcleo oco é actualmente o modelo mais resistente e seguro e deve utilizar-se sempre que possível.



A resistência de um pitão de gelo utilizado como ancoragem, reside em função dos seguintes factores:

. Resistencia real do material que constitue o pitão. Actualmente é elevada, podendo chegar a mais de 2.000 kg, O seu ponto mais frágil é a orelha (argola).

. Comprimento do mesmo que fica introduzido na neve. A profundidade é um factor determinante, pois condiciona a resistência à avulsão e diminui o efeito de alavanca em relação à possível tracção.

. Inclinação de colocação. Para obter uma maior resistência, devem colocar-se com um ângulo de 45º a 60º com a pendente, o que normalmente obriga a fazer um entalhe. Em pendentes moderadas e fortes é possível de realizar, no entanto não o é em secções verticais, onde, devido às dificuldades do local é considerado aceitável um ângulo inferior a 90º com a pendente.

. Consistência do gelo. A temperatura é um factor determinante sobre a qualidade do gelo, pois o seu efeito sobre este é directo. Com valores acima dos zero graus, a resistência logicamente diminui.



É importante assinalar as seguintes precauções quando utilizarmos os pitões de gelo como ancoragem:
. Colocar em depressões e não em pretuberâncias.
. Limpar a superfície do gelo quando seja necessário.
. Eliminar o braço de alavanca nos pitões não introduzidos totalmente.
. Introduzir os pitões mais lentamente quanto mais duro e quebradiço seja o gelo.



SETAS DE GELO

É a ancoragem natural mais pratica e mais segura. Se for feita com gelo duro e sólido, uma seta pode ser mais resistente que uma corda. Para a sua realização, começa-se cortando o contorno cuidadosamente com pico do piolet. Em gelo duro são necessários entre 30 e 40 cm de largura por 50 cm de comprimento. A vala em volta da seta faz-se do contorno para o exterior. A profundidade da vala deve ter pelo menos 15 cm entre laterais e parte superior. O trabalhar destas áreas é a parte mais delicada do processo, visto que um golpe do piolet pode fracturar ou criar gretas estragando todo o trabalho. A parte inferior não se trabalha, apenas se realizam umas estrias na superfície para que a tracção da corda seja a ideal.



COLUNAS E PONTAS DE GELO

São formações naturais susceptiveis de ser utilizadas como ancoragens, colocando uns aneis ou cintas à sua volta. A sua resistência dependerá da espessura das mesmas.



PONTES DE GELO

Fazem-se com um pitão, com o qual se unem os buracos, de forma que estes orifícios convergentes permitam a passagem de um cordino ou cinta, da mesma forma que na rocha.



SEGURANÇA EM NEVE. GENERALIDADES

Os sistemas de segurança em rocha são da mesma forma válidos. Pelo facto de na neve os sistemas de ancoragem serem menos resistentes que na rocha, a carateristica principal da segurança em neve será empregar o sistema dinâmico de forma que a detenção das quedas seja mais progressiva. O momento crítico de qualquer queda é o puxão inicial e nesse ponto não se deve bloquear a corda, mas sim deixar deslizar originando um freio mais progressivo até à detenção total. Por outro lado, a queda do primeiro da cordada quase nunca será um voo, mas sim um deslizamento sobre a pendente. O roçamento sobre a neve ajudará a realizar a detenção de forma progressiva, de maneira que não exercem grande tensão sobre a ancoragem. Deve-se tentar realizar as ancoragens em zonas em que a pendente seja menor e a consistência da neve maior. A rapidez é um elemento importante de segurança em escaladas na neve, de forma a reduzir os perigos objectivos. Devem portanto evitar-se as paragens desnecessárias. A temperatura é um dos factores mais determinantes nas condições da neve. Devido a este facto,as ascensões devem começar bem cedo, aproveitando as horas de frio, o que evitará deparar com as neves em más condições e os seus perigos adjacentes. Na prática, as ascensões em neve com pendentes moderadas escalam-se em cordada. Nestas situações apenas se recorre ao asseguramento nos passos mais delicados.



O montanheiro mais experiente deve ir sempre na frente. Seguidamente descrevemos os procedimentos de segurança que se podem aplicar indistintamente ao primeiro e ao segundo ou terceiro da cordada em cada caso.

COM O CORPO

Quando se escala encordado, a detenção dinâmica com o corpo e a corda é a forma instintiva mais simples para deter o escalador que sofre uma queda. Quando ocorre, o homem que está encarregado da detenção da queda deve levar uma gaze de corda nas mãos, não as pode soltar, mas usa-as como freio dinâmico, ao deixar deslizar a corda na mão fechada. Praticamente ao mesmo tempo, é preciso ter a reacção de afundar o piolet na pendente enterrando-o na neve. O quadril do lado da pendente permanece junto ao piolet, mantendo a perna do vale esticada na direcção do deslizamento. O braço que segura as gazes estica-se longitudinalmente à perna do vale, enquanto a perna da pendente se flexiona até ao piolet.



PIOLET BOTA

É um sistema de rápida realização. A segurança efectua-se no acontecimento de uma detenção momentânea, para corrigir alguma passagem difícil ou ressalto curto, onde o risco de uma queda seja mais elevado. Confecciona-se uma plataforma para colocar a bota e o piolet, cravando este último na parte interior. O escalador segurador coloca-se lateralmente em relação à linha de queda. A perna do lado do vale mantém-se esticada e rígida para reforçar a postura enquanto a mão superior segura o piolet. A corda que passa na bota rodeia o manípulo do piolet e é segura em volta do tornozelo com a mão do lado do vale, controlando o deslizamento. É importante repartir correctamente o peso entre o pé e a mão que segura o piolet. A detenção da corda realiza-se pela fricção provocada entre a corda, a bota e o tornozelo.



PIOLET VERTICAL

Utiliza-se em pendentes mais pronunciadas. O piolet crava-se com as duas mãos, servindo de segurança. Também nos podemos autosegurar ao piolet unindo-o ao nosso arnês com um cordino ou com a própria corda da cordada. Em caso de necessidade coloca-se o peso do corpo sobre o piolet.



PIOLET QUADRIL

A posição é parecida com a utilizada no procedimento de segurança “com o corpo”, com a diferença que a corda passa em volta dos quadris e do manípulo do piolet, sempre presa pela mão do lado do vale. É conveniente que o escalador fique autosseguro ao piolet. Este procedimento é utilizado em pendentes medias.



SENTADO COM SEGURANÇA NAS COSTAS

É a forma mais segura e eficaz de instalar uma reunião na neve. O escalador instala uma ancoragem na neve e prepara uma trincheira mais abaixo para se sentar com as pernas esticadas e com os pés bem firmes. Uma vez fixa a ancoragem que fica acima do escalador e nas suas costas, segurará o seu companheiro, passando a corda pelo quadril, segurando-a com ambas as mãos. Se acontecer uma queda, a mão que segura o extremo livre da corda, finca-a sobre a cintura provocando o atrito necessário para a detenção progressiva. A corda de união ao autosseguro deve passar pela lateral da que vai ao segurado de forma que ao tensionar-se, evite uma rotação do corpo. Um mosquetão colocado no arnês por onde passe a corda do segurado ajuda à detenção.



Apresentamos neste artigo os principais métodos de autosseguro, realizados na neve e em gelo.


No entanto convém alertar que não devem tentar efectuar estas técnicas sozinhos e devem sempre procurar alguém com experiência nas mesmas para fornecerem conhecimentos e formação nesta área, pois na prática existem muitos mais pormenores e maiores dificuldades do que as aqui apresentadas.

Boas caminhadas com segurança e consciência.

26 março 2012

Caminhada do CMB dia 31 de Março de 2012 (Sábado)

O Clube de Montanhismo de Braga organiza no próximo sábado (31.03.2012) a habitual caminhada de fim do mês.


A saída de Braga, como de costume é às 8h:30m junto à Ex-Bracalândia, em Braga.

Graú de dificuldade: média/baixa



A caminhada está prevista para a zona da Srª da Peneda e quem estiver interessado, poderá participar no dia seguinte, numa actividade de escalada e rappel a ter lugar na Meadinha (Cabeça do Índio), junto à Igreja da Srª da Peneda (esta actividade não é organizada pelo CMB).



Como sempre podes contar com boa disposição e um dia para esquecer todos os problemas e tribulações que nos apoquentam no dia-a-dia. Em plena harmonia com a natureza.


De momento, a meteorologia ainda é muito incerta, pelo que mais próximo da data tentaremos informar a previsão meteorológica com mais exactidão para o dia da caminhada.
Como é costume, apresentamos uma lista de material que aconselhamos para a caminhada, não esquecendo que esta lista é meramente indicativa, devendo os participantes fazer individualmente os ajustes que considerarem necessários, podendo ainda sofrer alterações em função das condições meteorológicas que encontrar-mos:

Roupa
o Calçado confortável, Botas de Montanha de preferência (nada a estrear)
o Calça ou calção confortável
o Calças Impermeáveis (para o caso de chuva ou neve)
o Casaco Impermeável (para o caso de chuva ou neve)
o Forro Polar fino (para o caso de frio)
o Forro Polar grosso (para o caso de muito frio)
o Roupa Interior térmica
o Meias
o Óculos de Sol
o Luvas Finas
o Luvas Impermeáveis (para o caso de chuva ou neve)
o Gorro (para o caso de frio)
o Boné ou chapéu (para o caso de muito Sol)

Material
o Mochila (cerca de 25 Lt para caminhadas de um dia)
o Cobre mochila impermeável (para o caso de chuva)
o Colchonete (opcional)
o Lanterna Frontal (para o caso de sermos apanhados pela noite)
o Canivete
o Termos (entre 0,7L e 1L)
o Papel Higiénico
o Sacos p\ lixo
o Bolsa de 1º Socorros
o Toalhetes
o Polainas (para o caso de vegetação molhada, chuva ou neve)

Material Técnico
o Bastões de marcha
o Comida (sandes, barras energéticas, gel energético) (ao critério de cada um)
o Máquina fotográfica (opcional)

Não percas esta caminhada, estamos a contar contigo.

22 março 2012

A utilização de Piolet e Crampons

Por sorte ou por desgraça, para alguns, o marketing e a publicidade actual a que estamos submetidos, quase nos obriga a adquirir material técnico de montanha sobre o qual não temos a prudência nem a preocupação de aprender como se utiliza. É o caso do Piolet e dos Crampons que podem ser muito úteis quando bem utilizados e extremamente perigosos quando mal utilizados, por negligência ou por desconhecimento da utilização correcta dos mesmos. Após um inquérito efectuado nos Pirinéus, verificou-se que uma grande percentagem das pessoas que incluíam piolet e crampons no seu equipamento, desconheciam por completo a ciência da sua utilização ao nível da segurança desejada, que é do que se trata quando adquirimos este equipamento. E pior ainda, verificou-se que uma grande parte dos inquiridos nunca tinham colocado uns crampons, e no entanto carregavam-os montanha acima. É de extrema importância que o montanheiro invernal faça um esforço para aprender a utilizar este equipamento assim como a fazer reciclagens periódicas, de forma a evitar um acidente trágico. Vamos tentar abordar as técnicas utilizadas com este equipamento, no entanto convém lembrar que o que iremos expor neste artigo não dispensa a formação e treino com um técnico especializado.



Quando utilizarmos crampons convém ter presentes os seguintes aspectos:

. O centro de gravidade do corpo deve ficar na vertical do plano de sustentação delimitado pelos crampons, evitando a inclinação para a pendente e apoiar-se exageradamente no piolet.

. Cravar na neve ou no gelo o maior número possível de pontas dos crampons em função da técnica utilizada.

. Caminhar levantando os pés e separando-os para evitar que os picos dos crampons se enganchem. Este risco é sério e constitui um grande perigo, pois a perca de equilíbrio resultante pode produzir uma queda.

. Dar os passos mais curtos quanto maior seja a pendente.

. Evitar correr ou saltar, pois o bloqueio dos tornozelos pode provocar uma lesão grave.

. Com botas de couro e fixação de correias, não se devem apertar demasiado os crampons de forma que cheguem a dificultar a circulação sanguínea. Em tempo frio isto pode trazer consequências graves, pois os dedos dos pés podem congelar pelo facto de não estarem devidamente irrigados.

. Convém lembrar que os crampons devem ser colocados no momento preciso e não tentar atrasar a sua colocação, evitando ficar numa situação precária posteriormente.

Convém levar em conta ainda, que o uso de crampons é inseparável do uso do Piolet, sendo necessário ter sempre presente o conhecimento correcto de auto-detenção com esta ferramenta.

Técnicas de movimentação na neve

Cada uma das técnicas descritas seguidamente adoptam um nome derivado da forma de usar o piolet e colocar os pés. Todas elas se acomodam à inclinação progressiva da pendente e à dureza da neve.

Piolet bastão sem crampons

O piolet segura-se apenas com uma mão, colocando a palma da mão sobre a cabeça do piolet. O pico do piolet deve ir sempre voltado para a frente e separado do corpo para evitar que em caso de queda se crave no escalador. A virola deve-se cravar com força na neve para que penetre bem e nos sirva de apoio. Quando se progride por pequenas pendentes, o piolet segura-se sempre com a mão de cima (do lado da pendente). Desta forma, no caso de escorregar, se estiver bem cravado na pendente, evitará a nossa queda. Geralmente crava-se o piolet na pendente a cada dois passos de forma que quando o pé de cima (do lado da pendente) está adiantado, a posição é estável, ao contrário de quando adiantamos o pé de baixo, pois ficamos em desiquilibrio. Sendo assim, o piolet não se deve mover quando o escalador estiver nesta ultima posição.



Para efectuar mudanças de direcção em pendentes moderadas, colocam-se os pés em posição de equilíbrio cravando energicamente o piolet à frente. De seguida, enquanto se sgura o piolet com as duas mãos, desloca-se um pé na nova direcção e de seguida desloca-se o outro pé. Por fim solta-se o piolet da mão de baixo, segurando-se com a mão de cima (do lado da pendente).



Ascenção com técnica Piolet Bastão, com crampons

O piolet segura-se como no movimento sem crampons e crava-se a virola no gelo para manter o equilíbrio enquanto movimentamos os pés. O pé da pendente coloca-se elevado e adiantado em relação ao outro pé. Nesta posição muda-se o piolet com a seguinte sequência, o pé de baixo adianta-se ao da pendente, ficando com as pernas cruzadas, conforme o grau da pendente, em posição instável que se compensa com o apoio do piolet. É importante repartir o peso correctamente o peso sobre os pés, que se colocarão nas zonas que ofereçam melhor apoio.A mudança de direcção na ascensão diagonal realiza-se apoiando ambas as mãos no piolet, ao mesmo tempo que se gira o corpo para o lado da pendente. O pé da pendente gira numa nova direcção colocando-se à altura do pé de baixo. Assim ficam os pés lado a lado e olhando para a pendente. De seguida gira-se o outro pé e o corpo, mudando o piolet para a mão superior.



Técnica de todas as pontas

A base desta técnica é manter os pés planos na pendente, com todas as pontas dos crampons em contacto com o gelo. Se a pendente for suave, o escalador pode avançar de frente, com os pés paralelos e um pouco separados para não se engancharem os picos dos crampons. Conforme for aumentando a pendente, colocam-se de modo a formar um ângulo com vértice nos calcanhares. A meia ladeira a progressão efectua-se com os pés perpendiculares à linha de máxima pendente. Se a pendente for forte, o escalador já não fica de frente para ela, mas sim de lado com o pé da pendente horizontal e o outro com a ponta para o vale. O escalador terá sempre 3 pontos de apoio, movendo apenas um de cada vez para avançar. Deve-se ter muito cuidado com a movimentação de forma a manter sempre o equilíbrio. A forma de progredir não é natural, pois para colocar todas as pontas na pendente, por vezes será necessário torcer significativamente os tornozelos, mantendo o corpo vertical para não perder o equilíbrio. É necessária muita prática para chegar a dominar correctamente esta técnica.



Piolet vassoura sem crampons

O piolet segura-se cruzado à altura do peito ou da cintura, com a virola introduzida na pendente e o pico para a frente. A mão de baixo segura o piolet pela cruz com a palma da mão sobre a cabeça do piolet. A mão de cima, segura o piolet perto da virola. A primeira exerce pressão para cima e a segunda para baixo. O erro mais frequente ao utilizar esta técnica, é colocar o piolet quase vertical com a sua cabeça por cima do nosso ombro. Isto obriga o escalador a inclinar-se para a pendente, correndo o risco de perder o equilíbrio. Da mesma forma que a técnica anterior, o piolet crava-se a cada dois passos, mantendo-se fixo quando se está com o pé de baixo adiantado tornando o equilíbrio mais precário. Em pendentes suaves, os pés apoiam-se paralelos sobre a neve, mas, conforme aumenta a inclinação, os joelhos devem-se aproximar da pendente ligeiramente abertas, para que o peso caía sobre o canto das botas. Para mudar de direcção, procede-se de igual forma que na técnica de piolet bastão, flexionando mais as pernas conforme seja maior a pendente.



Técnica de Piolet vassoura, com crampons

Quando a pendente é moderada, é necessário colocar o piolet nesta posição, já explicada no movimento sem crampons. Os pés apontam na direcção da marcha, enquanto seja possível. Quando aumentar a pendente, para continuar a cravar todas as pontas dos crampons mantendo o equilíbrio, é necessário virar as biqueiras e os joelhos para o vale afastando o corpo do gelo. A mudança de direcção pode-se efectuar de cara voltada para a pendente ou para o vale, sendo mais recomendável a primeira opção.



Técnica de Piolet âncora, com crampons em descida

Em pendentes fortes, esta técnica é mais segura que a proporcionada pelo piolet vassoura. Desde a posição de equilíbrio, crava-se o pico do piolet por cima e à frente do nosso corpo, agarrando-o com a mão de baixo (lado do vale) junto à virola. Uma vez cravado o piolet, empunha-se a cabeça deste com a mão de cima (do lado da pendente) da mesma forma que na técnica de auto-detenção. A partir desta posição, em que o piolet é apoio e ancoragem, avançam-se os pés vários passos até nos colocarmos numa nova posição de equilíbrio, de onde seja possível cravar novamente o piolet mais acima e à nossa frente. Deve-se sempre exercer sobre o manípulo uma tracção suave e constante para o exterior, de forma a fixar os dentes do pico no gelo. A recuperação do piolet fica facilitada puxando o manípulo na direcção do gelo. Para manter os pés planos nestas pendentes, o corpo deve afastar-se mais do terreno, flectindo os joelhos e os tornozelos. Para mudar de direcção, o piolet permanece cravado, permutando as mãos neste e orientando o corpo e os pés para a nova direcção a tomar. Para descansar, pode-se utilizar uma postura bastante cómoda denominada “sentados sobre o pé”, que consiste em sentar-se sobre um pé plano, orientado para baixo. A técnica do piolet âncora exige equilíbrio e uma excelente utilização de crampons e piolet. Marca o limite superior da técnica de todas as pontas.



Ascenção com técnica Piolet âncora, com crampons

O piolet crava-se apenas com uma mão e segura-se pela parte final do manípulo. Crava-se o pico energicamente, sem chegar a esticar o braço completamente. Com a outra mão segura-se a pá em posição âncora (dedos envolvendo a cruz com o dedo polegar por debaixo). A progressão efectua-se dando passos curtos, até termos o piolet à altura do peito, momento em que se descrava e se volta a colocar de novo mais acima. O esforço realiza-se principalmente com os crampons, utilizando o piolet como meio de tracção para avançar. Com esta técnica pode-se progredir por pendentes fortes e passar curtos ressaltos verticais.



Piolet manípulo

Para pendentes fortes (mais de 50º) o recurso lógico é voltar-nos de cara para a pendente, introduzindo a biqueira da bota na neve ou as 4 pontas dos crampons. O piolet segura-se pela cabeça com as duas mãos, de forma que a parte plana do manípulofique de frente para o escalador, introduzindo-se a virola verticalmente na neve, procurando cravar a maior parte possível do manípulo. A tracção exerce-se junto da neve. Também se pode segurar a cabeça do piolet apenas com uma mão, enquanto a outra segura a parte superior do manípulo. Ambas as posições permitem uma boa auto-segurança e proporcionam um bom apoio.



Piolet apoio sem crampons

Quando o manípulo não penetra derivado à dureza da neve, utiliza-se a técnica de piolet apoio, em que se crava o pico, apoiando-nos sobre a cabeça do piolet com uma mão enquanto mantemos o equilíbrio sobre a neve com a outra. O pico do piolet serve em simultâneo de auto-segurança e de apoio. Deve ser utilizado em grandes pendentes (mais de 50º) e sempre de cara para a pendente.



Ascenção com técnica de Piolet Apoio, com crampons

Da mesma forma que sem crampons, o piolet pega-se pela cabeça ou por debaixo desta, ao mesmo tempo que se apoia o pico no gelo. A mão contrária apoiada na pendente ajuda a manter o equilíbrio. É uma técnica para utilizar em pendentes moderadas ou para progredir como 2º ou 3º elemento de uma cordada.



Ascenção com técnica de Piolet Punhal, com crampons

Em pendentes fortes de neve ou gelo brandos, pode-se utilizar esta técnica. O piolet crava-se à altura da nossa cara ou acima desta, empunhando-o pela cabeça da mesma forma que para a auto-detenção. O pico do piolet introduz-se num movimento similar ao de cravar um punhal, visto que a posição não permite uma grande pegada. A outra mão pode servir para ajudar o equilíbrio ou segurar outra ferramenta.



Auto-detenção

É a única possibilidade de que dispõe um escalador para travar uma queda e por esta razão é a técnica mais importante no movimento sobre neve, já que pode salvar a sua vida e a dos seus companheiros.
No caso de acontecer uma queda, é importante adoptar o mais rápido possível a posição de auto-detenção. Para isso, o piolet coloca-se sensivelmente na diagonal em relação ao corpo do escalador, colocando uma mão sobre a cabeça do piolet, com o dedo polegar debaixo da pá e a outra mão por cima da virola. Roda-se o corpo de cara para a pendente e nesta posição crava-se o pico na neve com energia e insistência, fazendo força sobre este e as biqueiras das botas, separando as pernas. Se de início não conseguimos parar a queda, devemos insistir com força, pois mais abaixo a consistência da neve ou a inclinação da pendente poderá ser mais favorável. De qualquer forma, este procedimento controlará a velocidade do deslizamento.
È fundamental levantar os pés se tivermos os crampons colocados, pois se as pontas se cravam na neve, em vez de controlar a queda, daríamos uma cambalhota para trás, perdendo toda a possibilidade de travar. A posição de auto-detenção deve ser adoptada quanto antes, pois em cada segundo de deslizamento a velocidade aumenta consideravelmente dificultando qualquer acção. Trata-se de uma técnica que não é instintiva, pelo que deve ser treinada muitas vezes em todas as posições possíveis.



Descida de cara para o vale cravando os calcanhares

O piolet agarra-se pela cruz. Se a neve for suave, convém dar pancadas grandes, pois a pegada será profunda. Se a neve for dura, a perna que desce mantem-se rígida para cravar convenientemente o calcanhar.



Descida de cara para o vale com piolet vassoura deslizante sem crampons

A neve deve estar em condições optimas para permitir o deslizamento. O ideal será que a neve esteja suave à superfície e dura em profundidade, para que o corpo não se afunde nela. O piolet actua como um travão. A mão que segura o manípulo deve estar próxima da virola e a outra mão segura o pico do piolet que deverá estar afastado do corpo. O deslizamento produz-se ao flexionar-mos as pernas, baixando o centro de gravidade e retirar peso dos calcanhares. A velocidade é controlada com a pressão colocada no piolet e com a maior ou menor angulação das solas com a pendente. Para travar é preciso girar o corpo para o lado do piolet, atravessar os pés na pendente e actuar energicamente com estes. Trata-se de uma técnica que requer experiência para ser utilizada com segurança, devendo ser empregue com as devidas precauções. Também se pode descer deslizando sobre as plantas dos pés, com uma técnica similar a do esqui. É um método rápido, mas que requer condições adequadas de neve, pendente e muita prática.



Utilização das várias técnicas em função das pendentes encontradas

Ascenção

Aproximação e início de um corredor. Pendentes suaves entre 0º e 30º de inclinação.

Nestes casos, a técnica utilizada é a conhecida como “passo de marcha”, que consiste em realizar a ascenção ou marcha de frente, em linha recta, com os pés planos e o piolet usado como bastão. Se o terreno for plano, o piolet não chegará ao solo, não sendo necessário cravar a virola (ponta inferior do Piolet), podendo no entanto ser utilizado como bastão em caso de desiquilibrio. À medida que a pendente aumentar, poderemos ir cravando a virola no solo, funcionando como apoio e auto-seguro no caso de escorregarmos. Convém levar em conta que ainda que estas inclinações não ultrapassem os 25º ou 30º de inclinação, num corredor gelado, um passo em falso pode-nos fazer escorregar pela pendente por centenas de metros, provocando graves lesões se chocarmos contra alguma rocha, por exemplo. Por isso, mesmo nestas pendentes fáceis, devemos prestar toda a atenção no que fazemos.
Esta técnica de cramponagem consiste em cravar sempre, de forma vertical, todas as pontas do crampon de uma vez. Funciona da seguinte forma, ao progredir no terreno levantamos os pés mais do que o habitual em cada passada deixando-os caír na vertical (não pensar arrastar os pés, pois teremos uma surpresa desagradável com certeza). Não é necessário fazer força, pois o nosso peso ajudará as pontas a penetrarem bem na neve. Em caso de gelo já será necessário empregar alguma força. Por outro lado, devemos caminhar com as pernas mais separadas que o normal (andar tipo charlot), de forma a evitar que as pontas dos crampons nos rasguem as calças, as polainas ou a própria perna e ainda evitar que as pontas fiquem presas umas nas outras ou nas correias dos crampons, o que nos prenderia os pés provocando o desequilíbrio e inevitável queda. À medida que a pendente se for acentuando, as passadas serão mais curtas, de forma a manter uma correcta posição de equilíbrio. Conforme aumenta a pendente, torna-se mais difícil progredir com os pés planos e rectos, pelo que teremos pouco a pouco que ir abrindo as pontas dos pés para fora, o que tem a designação de “pés de pato”.



Nesta técnica também cravamos todas as pontas de uma vez na vertical, permitindo-nos um agarre óptimo nestas pendentes de pouca inclinação. Para ajudar na progressão, cravamos o piolet à nossa frente a cada dois passos, quando estivermos em posição de equilíbrio.

Aproximação pelo corredor. Pendentes moderadas entre 30º e 50º de inclinação

Neste tipo de pendentes são utilizadas duas técnicas, subida em diagonal e ataque directo ou frontal com técnica mista.

Subida em diagonal

Antes de mais nada, convém dizer que esta técnica não é funcional quando tivermos um piolet curto que nos obrigue a inclinar o corpo para o terreno desiquilibrando o nosso centro de gravidade, que deve estar sempre situado nos nossos pés. Resumindo, para esta técnica não devemos utilizar piolets muito técnicos, mas sim os clássicos de 55 cm ou mais, que cravem bem na neve sem nos obrigar a torcer o corpo. Esta t+ecnica também é pouco utilizada em corredores estreitos, pois não rentabiliza a progressão e vai-nos pôr tontos com tantas voltas que seremos obrigados a executar. É uma técnica muito útil em corredores largos. A grande vantagem desta técnica, embora torne mais lenta a progressão, é a comodidade e um certo descanso que oferece ao alpinista em vez de ascender de forma directa, o que desgasta fisicamente muito mais.



Para aplicar esta técnica, colocamo-nos de lado em relação ao terreno, de forma que a ascensão seja em diagonal (em Z) e levando sempre o piolet na mão do lado da pendente (a mão mais próxima do terreno) em posição de auto-segurança e bastão. Resume-se a ir ascendendo em diagonal, cruzando os pés e colocando sempre um na frente do outro e cravando à frente o piolet a cada duas passadas. Este movimento no início pode ser um pouco difícil, pelo que é aconselhável praticar antes de ser utilizado a sério. O ritual a seguir nesta técnica é o seguinte: primeiro cruza-se o pé que fica mais abaixo por cima do outro colocando-se um pouco mais acima e à frente, com a biqueira apontando uns 45º para baixo. Neste momento encontramo-nos numa posição estranha de desiquilibrio. De seguida cruza-se o outro pé, o que ficou para trás, agora por detrás do outro de forma a coloca-lo um pouco mais acima e à frente colocando-o um pouco virado para o vale mas não tanto com um ângulo tão grande como o outro pé. Neste momento estamos novamente em posição de equilíbrio estando preparados para colocar mais acima o piolet.
Assim prosseguimos com o mesmo processo até concluirmos diagonal, sendo este o momento em que temos que girar para completar outra diagonal no sentido contrário e sempre em ascenção. Para realizarmos esta operação de girar precisamos estar na posição de equilíbrio anterior. Uma vez nesta posição e sem adiantar o piolet, agarramo-nos com as duas mãos a este, para de seguida colocarmos os dois pés à mesma altura (teremos que adiantar e subir o pé que se encontra mais abaixo). Quando os pés estiverem à mesma altura e como temos que cravar todas as pontas dos crampons de uma vez, o melhor será voltar os pés cada um para o lado oposto do outro, ficando em posição de pato com os pés voltados o mais próximo possível de 90º. Nesta posição devemos inverter a posição de equilíbrio, é o mesmo que dizer, a mão que antes segurava o piolet passa agora a ser a mão do vale e a outra da pendente, será a que agora segura o piolet em bastão e auto-segurança, fazendo o mesmo com os pés. Uma vez adiantado o pé que agora será o da pendente, estamos de novo em posição equilíbrio e podemos adiantar e cravar o piolet de novamente. E desta forma damos início a outra diagonal. Na realidade não é nada complicado quando se tem alguma prática.

Ascenção directa ou frontal com técnica mista

Esta técnica é a mais rápida neste tipo de pendentes e para aqueles que utilizam um piolet curto ou técnico inadequado para realizar a técnica anterior. Levamos o piolet em posição de apoio, que consiste em cravar todo o pico do piolet na neve dura e segura-lo com uma mão pela pala em posição de auto-segurança. Uma vez que nesta posição vamos muito próximo da pendente, podemos usar a outra mão livre para nos apoiarmos na superfície e desta forma aumentar o equilíbrio do corpo. Se dispusermos de dois piolets, podemos usar os dois com esta técnica e nesta inclinação que com certeza nos proporciona maior segurança.



Neste método, a técnica de cramponagem baseia-se em combinar dois modelos, um para cada pé. Normalmente o pé do lado da mão que leva o piolet ascende com a técnica de pé frontal e o outro pé com a técnica de pé plano. A técnica de pé plano já foi explicada antes. A técnica de pé frontal consiste em introduzir apenas as 4 pontas frontais do crampon na superfície gelada, mantendo sempre o pé perpendicular à pendente de forma a garantir de cravamos sempre essas quatro pontas. Visto que esta técnica frontal desgasta muito os músculos da perna, podemos ir trocando entre os nossos pés as duas técnicas. Também nesta técnica adiantamos e cravamos o piolet a cada dois passos.

Ascenção pelo corredor. Pendentes fortes de 50º a 65º de inclinação.

Ainda que neste tipo de pendentes também se possa utilizar a técnica do capítulo anterior, o mais recomendado pela rapidez e segurança é a técnica conhecida como frontal com piolet tracção e piolet âncora. Nesta técnica, uma mão segura o piolet quase na virola (parte inferior do piolet) sendo responsável pela cravagem do pico do piolet e mediante tracção (piolet tracção) dessa mão com o piolet, subiremos um pouco até que consigamos segurar a cabeça do piolet com a outra mão livre, agarrando em auto-detenção e não de auto-segurança. Neste momento as duas mãos seguram o piolet em posição de piolet âncora, permitindo assim realizar o empurro e apoio necessários para fazer avançar todo o corpo. Os dois pés deverão ir em técnica frontal, cravando apenas as quatro pontas frontais dos crampons, sempre com os pés perpendiculares à pendentes de forma a evitar que alguma ponta saia da superfície.
Se tiver dois piolets será melhor usá-los um em cada mão em modo de tracção. Da mesma forma, com um único piolet a mais rápida ascensão neste tipo de pendentes é a combinação das três técnicas de piolet que acabamos de abordar (tração, ancoragem e suporte, por esta ordem) com a combinação de bicos frontais e mistos dos pés. Esta combinação de piolet permite-nos dar mais passos com uma única pegada. O processo desta combinação é:

-Crava-se o piolet alto (não demasiado alto para evitar elevar os calcanhares).

-Usar a técnica piolet tração para subirmos um pouco até conseguirmos agarrar a cabeça deste com a outra mão livre (Piolet âncora).

-Usando esta técnica de piolet âncora, subimos o corpo até que o piolet nos fique aproximadamente à altura da cintura.

-Passamos para Piolet Apoio e continuamos a subir. Chegará um momento em que ficaremos com o braço que agarra o piolet, totalmente esticado para baixo. Nesse momento, removemos o piolet e novamente realizamos outra pegada.
Esta combinação deve ser praticada em terreno que não ofereça perigo, antes de ser colocado em prática numa situação real.

Hoje praticamente nenhum alpinista enfrenta esta verticalidade apenas com um piolet. É necessário o uso de dois piolets (e técnicos em vez de clássicos) para prosseguir com segurança sobre estas pendentes. A técnica a ser utilizada será sempre a do piolet tracção combinada com a técnica frontal dos pés, dando passadas decididas e boas pegadas tanto com os piolets como com os crampons.

Descidas

Para realizar descidas em pendentes de gelo ou neve dura adoptam-se posições similares às utilizadas nos destrepes em rocha. Em principio a descida faz-se de cara para o vale e apenas se adopta a posição de frente para a pendente em último recurso.

Para pendentes muito suaves

Efectua-se a descida caminhando para baixo normalmente com a técnica piolet bastão, Dobram-se os joelhos mantendo-os separados, com o peso do corpo sobre os pés, de forma que todas as pontas dos crampons se cravem no gelo ou na neve.


Para pendentes suaves

Os pés e os joelhos mantem-se separados, com o piolet em forma de piolet vassoura apoiado no gelo ou neve, Coloca-se a virola perto dos calcanhares, de seguida movem-se os pés até que o piolet fique à altura dos joelhos e move-se novamente o piolet.


Para pendentes moderadas

Quando aumenta a pendente, é necessária uma maior angulação dos pés e colocar o corpo mais próximo da pendente. Apoia-se o pico e a virola no gelo, empunhando o piolet pelo manípulo.


Para pendentes fortes

Para ressaltos curtos, utiliza-se a posição de piolet bandarilha. Esta executa-se com os joelhos e pés separados e as pernas bem flectidas. O pico do piolet crava-se com firmeza o mais abaixo possível. Ao descer com os crampons, a mão desliza ao longo do manípulo, tracionando ligeiramente para cima até chegar à cruz. È neste momento que se retira o piolet, cravando-o mais abaixo.


Para pendentes muito fortes

Quando a pendente é demasiado inclinada para descer de costas para a pendente, o escalador coloca-se de lado e desce na diagonal. O piolet utiliza-se na posição de âncora, com o braço exterior o escalador oscila o piolet para a frente e crava o pico no gelo, a seguir desce em diagonal com os pés planos por baixo do piolet. O manipulo gira quando o escalador passa pela sua frente.


Estas são as técnicas básicas de cramponagem em combinação com um piolet. Estas técnicas ficarão mais claras quando forem suficientemente praticadas e chegará um momento em que tudo sairá de um modo coerente, mas até esse momento chegar é preciso praticar bastante incluindo a frequência de alguns cursos de alpinismo-montanhismo invernal. Concluindo: praticar, praticar e continuar sempre aprendendo.

Nota importante: com certeza repararam que não foi abordado em nenhum momento qualquer tipo de asseguramento, no entanto é de extrema importância fazer asseguramentos em fortes pendentes, sendo um tema que abordaremos brevemente.

Esperamos que este artigo tenha ajudado a clarificar algumas dúvidas, nunca esquecendo porém que é necessário procurar alguém entendido na matéria para fornecer formação prática nesta matéria.

Boas caminhadas com segurança.